O Fazendo Escola realizou este ano o "Seminário por um fio". Evento abordou as dinâmicas do trabalho e o adoecimento da classe trabalhadora

Tribunais estaduais somam quase 50 mil casos de adoecimentos mentais em 2023

Os tribunais estaduais concentram hoje cerca de 143 mil trabalhadores públicos. A sobrecarga e o ritmo desenfreado de trabalho têm sido uma reclamação constante entre a categoria. A precarização das condições de trabalho aparece em dados: em 2023 foram registrados cerca de 49 mil casos de adoecimentos mentais. Ansiedade e depressão lideram os casos divulgados pelo CNJ.

No comparativo com 2022, houve um aumento de quase 100% no diagnóstico de ansiedade entre os trabalhadores, saltando de 8.588 registros em 2022, para 17.167, em 2023. Os dados de 2024 ainda não foram divulgados.

Embora não seja possível afirmar o número real de trabalhadores adoecidos, uma vez que o portal do CNJ contabiliza apenas afastamentos, sendo que uma mesma pessoa pode ter tido mais de um motivo, é fundamental uma discussão sobre a forma de gerir o trabalho.

Números desta magnitude relevam que o problema não é pontual ou individualizado naqueles que “não sabem gerenciar uma unidade ou setor”, mas sim, em todo um sistema estrutural que favorece, fortemente, a intensificação do trabalho, a perda do sentido do trabalho, a desigualdade entre quem se submete a este regime, a competitividade por gratificações, os assédios, a perda do caráter humano das relações e os adoecimentos.

DADOS DO TJSC|

No Tribunal de Justiça de Santa Catarina, a mesma base de dados do CNJ revelou que 417 casos de algum tipo de transtorno mental foi registrado em 2023. A ansiedade também sofreu aumento considerável aqui no TJSC, passando de 32 casos em 2022, para 141, em 2023.

Outro dado, que já divulgado pelo SINJUSC, aponta que entre janeiro de 2022 e junho de 2023, o TJSC teve cerca de 1,9 mil pessoas afastadas por doença (não contabilizando atestados com menos de 3 dias), gerando cerca de 69 mil de afastamentos.

 Além disso, é preciso destacar que os números de afastamentos não retratam o total de adoecimentos, pois há centenas de trabalhadores que estão adoecidos e permanecem cumprindo seu expediente, enquanto realizam tratamentos, sem solicitar afastamento ou atestado e, por isso, não entram nas estatísticas institucionais.

Não é racional achar números como estes normais ou fruto de responsabilidade individual de cada uma das pessoas afastadas. Pelo contrário, a lógica de trabalho impressa é essencialmente adoecedora e institucionalizada.

Paralelo ao aumento tecnológico, há o aumento do adoecimento pelo trabalho. E isso não ocorre somente no judiciário. São as novas dinâmicas do mundo do trabalho que vem impondo aos trabalhadores limites cada vez mais largos em nome da “eficiência” e da “meritocracia”.

SINJUSC NA LUTA PELA REDUÇÃO DA JORNADA|

Por tudo que foi exposto, a luta pela redução da jornada de trabalho é mais do que legítima. É um movimento a contra a superexploração e por uma vida digna à classe trabalhadora.

Essa é a prerrogativa da PEC do fim da escala 6×1, que está no centro dos debates no Congresso Nacional. O SINJUSC apoia essa pauta e convoca os trabalhadores do judiciário a participar de ato nesta sexta-feira (15/11). Haverá mobilizações por todo o Estado. Para mais informações procure os movimentos sociais do seu município.

PROTOCOLO DE ATENDIMENTO DO SINJUSC|

Além de debater em formações e seminários a saúde do trabalhador, e levar em mesa de negociação a proposta da redução da jornada de trabalho, o SINJUSC vem aprimorando o seu protocolo contra assédio e violências no trabalho.

O trabalho, realizado pelo psicólogo Mateus Graoske e articulado com a diretoria e assessores jurídicos, parte de relatos enviados por meio de um formulário online, ou através dos nossos canais oficiais.

Após o recebimento, as equipes fazem o acolhimento e analisam as possíveis demandas e encaminhamentos (jurídicos, políticos e institucionais, relativos à saúde e aos direitos dos trabalhadores).

Segundo Mateus Graoske, neste ano, foram realizados 12 atendimentos, sendo eles novos ou acompanhamentos iniciados no ano anterior. As principais queixas são: ansiedade, sobrecarga, violência moral, estigmatização e assédio após retorno de afastamento/atestado e também xenofobia – tema no próximo encontro de negras e negras.

O atendimento está disponível/é disponibilizado para todos os filiados. Caso você precise de ajuda, basta clicar AQUI e enviar o seu relato. Todos os dados e informações fornecidas são tratados com absoluto sigilo.

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