SINJUSC traz entrevista para o Dia do Assistente Social

Em comemoração ao dia do Assistente Social, lembrado neste domingo (15), o SINJUSC traz no Espaço do Servidor entrevista especial com a presidente da Associação Catarinense de Assistentes Sociais do Poder Judiciário (Acaspj), Alair Fernanda Lopes Cordazzo.

Servidora há 16 anos do Judiciário catarinense e há 4 anos, como dirigente da Acasp, Alair conta nesta entrevista exclusiva ao sindicato, sobre a rotina dos profissionais da área, dados históricos, as principais dificuldades, últimas conquistas, entre outras informações.  

Qual a principal diferença entre a atuação de um assistente social forense e de outro órgão público? 

A atuação profissional está centrada no atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade social.  Nisso o profissional do serviço social atua diretamente, independente do vínculo de trabalho. 
O Serviço Social surgiu em decorrência dos problemas sociais existentes na sociedade europeia, no século XVIII, no Brasil surgiu em 1936, como profissão em 1953 (Lei nº 1.889/53 e atualmente está regulamentada pela Lei nº 8.662/93). Disciplinamos nossa atuação pelo Código de Ética – Resolução CFESS, nº 273/93.

O Serviço Social Forense atua em situações judicializadas, ou seja, que tenham um processo judicial, mas como tais situações não existem isoladas de um meio social, de determinado grupo de pessoas que se relacionam com maior ou menor concordância, o assistente social é procurado para orientação e encaminhamentos onde há falha ou falta do bom senso ou do que se considera “justiça social”. Quando tomei posse, no ano de 1999, lembro que um dos objetivos buscados no Poder Judiciário de Santa Cataria era a “humanização do judiciário”, trabalhamos muito em prol desse objetivo.

Desde quando os assistentes sociais passaram a integrar o quadro de servidores do Judiciário em SC?

Conforme histórico registrado em artigo produzido por dois colegas, Alcebir Dal Pizzol e Simone Regina Medeiros da Silva, ocorreu em 1972, com a criação de dois cargos de assistente social na Comarca da Capital, como auxiliar do juiz na então Vara de Menores. Em 1981, também no Fórum da Capital, houve a lotação na área da Família. Hoje somos mais de 100, lotados tanto no Tribunal de Justiça, como em todos os Fóruns de Justiça (Comarcas) do Estado.

Como é sua rotina no Judiciário?

Temos a possibilidade de trabalhar com colegas profissionais de outros órgãos públicos e privados. Assim reuniões, contatos e troca de saberes são frequentes e assíduos. O atendimento ao público, ou plantão social, é o que exige maior tempo, são prioritariamente atendimentos individuais para esclarecimentos, orientação e encaminhamentos.

A elaboração de relatórios, estudos sociais e pareceres profissionais é o trabalho que mais nos exige, pela necessidade de realizar entrevistas, contatos, visitas diversas, analisar dentro do contexto social, familiar e das normativas legais o que de fato ocorre, para auxiliar tanto os trabalhos dos magistrados, como do Ministério Público e, principalmente, encontrar alternativas para encaminhamentos e atendimentos futuros às pessoas envolvidas nas lides judiciais.

Quais as principais dificuldades da classe?

Utilizarei o saber de uma das estudiosas da profissão, Marilda Viela Iamamoto, quando descreve as exigências no dia a dia do profissional do serviço social: atenção e cultura capazes de formular, avaliar e recriar propostas no nível das políticas sociais (campo muitíssimo amplo e diverso), na organização das forças da sociedade civil, aqui centram-se as possibilidades e alternativas que o meio em que atuamos nos proporciona, apostando na autopromoção dos indivíduos, tarefa hercúlea, trabalhar com o indivíduo, buscando despertar seu poder de autonomia, com conhecimento das possibilidades e limites no meio em que vive.

Informação, criatividade, comprometimento com o indivíduo com quem trabalha, mas também em prestar serviços de assessoria, planejamento, negociação, mediação, pesquisa, ação, avaliação para prestar serviços sociais de qualidade, conforme bem descrito no artigo dos colegas anteriormente citados.

As últimas conquistas?

A melhor! A produção, edição e publicação de livro de artigos exclusivamente feito pelos assistentes sociais do Poder Judiciário de Santa Catarina, através da nossa associação, Associação Catarinense dos Assistentes Sociais do Poder Judiciário – ACASPJ.

Os principais pleitos?

É da categoria profissional, independente do vínculo empregatício, o direito às 30h de trabalho semanal. Em nível de Poder Judiciário de SC, o pagamento da gratificação do risco de vida, que já foi reconhecido em processo administrativo.

O que te fez escolher a profissão de assistente social?

Cada profissional tem sua escolha definida por suas experiências de vida, oportunidades, possibilidades e até limites. Particularmente eu tinha consciência de que me realizaria atuando numa profissão da área de humanas, sou muito realizada trabalhando na área dos Direitos Humanos.

Um dia marcante no seu trabalho?

Quando recebi uma cartinha de uma adolescente encaminhada para adoção internacional, colocando o quanto confiava em meu trabalho, o que foi “coroado” quando ela me encontrou no WatsApp e pudemos conversar, matei as saudades! E ela está bem.

Por que se comemora o 15 de maio como o Dia do/a Assistente Social?

Conforme pesquisa com APAE de Passos: em 15 de maio de 1891, o Papa Leão XIII publicava a Encíclica “Rerum Novarum”, apresentando ao mundo católico os fundamentos e as diretrizes da Doutrina Social da Igreja. Era a primeira Encíclica Social já escrita por um Papa e, arcava o posicionamento da Igreja frente aos graves problemas sociais que dominavam as sociedades europeias. Para os assistentes sociais europeus, a Encíclica publicada naquele dia 15 de maio, trazia um conteúdo muito especial. Atônitos frente à complexidade dos problemas existentes e teoricamente fragilizados em consequência de sua formação ainda bastante precária, aqueles profissionais assumiam o documento e os ensinamentos ali contidos, como base fundamental de seu trabalho. E desse modo se aproximavam cada vez mais da Igreja Católica europeia que, por sua vez, assumia progressivamente a sua liderança sobre o enfoque das práticas sociais daqueles profissionais.

No Brasil, o Serviço Social foi criado em 1936, a partir das iniciativas dos grandes líderes da Igreja Católica no País, inspirados na Doutrina Social da Igreja então enriquecida por uma nova Encíclica Social: a “Quadragésimo Ano” redigida pelo Papa Pio XI e publicada no dia 15 de maio de 1931 em comemoração aos quarenta anos da Rerum Novarum. E, desse modo, gestada no seio da prática da “Ação Social Católica”, ou simplesmente “Ação Católica” – no Brasil a profissão cresceu sob a liderança da Igreja e, até o início dos anos 60, recebeu a influência direta e decisiva da sua “Doutrina Social”.

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“Uma coisa é por mil coisas no papel. Outra coisa é lidar com gente de carne, sangue, emoções e mil misérias”. (Guimarães Rosa)

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