Diretoras e trabalhadoras do SINJUSCC, servidoras do judiciários catarinense e líderes sindicais de diversas entidades participaram na última sexta-feira (30/08), do curso de Gênero e Trabalho promovido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Realizado no auditório do Sindicato, em Florianópolis, o curso abordou a equidade de oportunidades, com base nas diferenças sociais (classe, raça, gênero). Quem ministrou foi a socióloga, doutoranda em Sociologia pela USP e técnica do Dieese, Thamires Silva.
Um dos debates mais importantes do curso foi como a violência doméstica e o assédio sexual prejudicam a mulher no mercado de trabalho. A socióloga ponderou também como o machismo freia a continuidade e a ascensão da mulher no trabalho.
Segundo Silva, a luta contra a violência e a desigualdade salarial precisam ser debatidas incansavelmente junto com as discussões sobre trabalho. “A mulher é mais precarizada no trabalho, ganha menos, sofre mais preconceito por ser mulher e tem mais dificuldade para alcançar cargos gerencias. E isso está enraizado no machismo, que ainda enxerga espaço no silêncio e na inércia da falta de ação contra”, afirma.
Silva explica que a desigualdade de gênero afeta consideravelmente a economia. Um estudo do Banco Mundial — Mulheres, Empresa e o Direito 2018 — afirma ainda que se houvesse igualdade salarial entre homens e mulheres, o Produto Interno Bruto (PIB) global seria 26% maior. Já no PIB do Brasil, haveria um aumento de 3,3%, ou seja, o equivalente a 382 bilhões de reais.
A ONU Mulheres estima que a igualdade salarial entre homens e mulheres só virá daqui a 118 anos.
Luta coletiva
Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres são mais da metade (106 milhões) dos 207 milhões de brasileiros. Elas correspondem a 43% da força de trabalho.
No judiciário catarinense não é diferente: as mulheres compõem mais de 60% da categoria. Por isso, de novo, o Sindicato reafirma que não poderia ser diferente sua inserção nas discussões que envolvem violência contra a mulher, que não é só física: pode ser moral, institucional, sexual, patrimonial, entre outras.
Os temas são pautas recorrentes do SINJUSC e ganharam estímulo nas discussões nas comarcas, com palestras realizadas pelo psicólogo Mateus Graoske Mendes, promoção de campanhas, intercambio com outros sindicatos, debates no Encontro de Mulheres, matérias exclusivas na Revista Valente e muitas outras ações.
Lutar em defesa da igualdade de gênero é uma pauta permanente e coletiva do SINJUSC.