Sindicalismo é coisa de preto

Tornar o sindicalismo inclusivo e mais plural, com estratégias de luta que deem conta de superar as diversas formas de opressão também é pauta do SINJUSC. Com esse objetivo, a direção do SINUSC e parte da equipe de comunicação participaram no último sábado, do XI Encontro de Comunicação da Fenajud. Com uma mesa histórica composta por pretas e pretos expoentes da comunicação sindical, a pauta foi o Antirracismo.

A primeira mesa, intitulada “Desafios para uma comunicação antirracista – Vivências dos profissionais de comunicação pretas e pretos”, contou com a presença do publicitário Caique Oliveira (BA), e dos jornalistas Daiana Sacramento (BA), Yuri Nery (PE), Andressa Oliveira (DF).

Sacramento contextualizou que o Brasil sempre inviabilizou a participação dos pretos: “o racismo é uma realidade na vivência de todos nós”. Nery provocou do por que o encontro estava sendo realizado: ” Porque o racismo é real e nós o conhecemos. Reconhecer que o racismo existe e que afeta pessoas negras é o primeiro passo para termos instrumentos para combater. Se não tivéssemos profissionais pretos aqui, encontros como esses não existiriam”.

Para Andressa o ponto central é tirar a ideia de que tudo que é do negro é ruim. “Comunicação antirracista é você parar de usar imagens de pessoas brancas para uma pauta positiva e usar pessoas pretas para o que é negativo. Por que um preto correndo é sempre da polícia, mas um branco correndo é porque está atrasado? Ser antirracista é pensar nessas questões antes de aprovar uma campanha publicitária, antes de levar alguma ideia para a diretoria, é fazer um jornalismo correto”.

Caique acrescentou ao debate que a atuação dos profissionais de comunicação é uma poderosa ferramenta contra o racismo e para tornar a mídia mais plural. “A mídia quer uma pessoa negra que apenas concorde, que não tenha opinião e nem ideias. Essa mesa aqui, com comunicadores pretos, é um momento histórico para a Fenajud. É muito difícil ainda que as pessoas valorizem ideias e propostas que venham de profissionais pretos, por isso o nosso papel aqui é levar essa realidade e proporcionar uma reflexão de como cada um aqui vê e respeita a questão racial e a utiliza da forma correta em um texto ou em uma peça publicitária”.

Também teve palestra da doutora em Comunicação pela UNB e Mestre em Comunicação Midiática, Kelly Quirino. A profissional ponderou a necessidade da comunicação ser antirracista em todos os momentos.

“É preciso estudar sobre as relações sociais. É importante compreender a história afro-brasileira, ler revistas pretas, assistir a filmes pretos, buscar novas referências para mudarmos a narrativa”, finalizou Quirino.

ENEGRER O JUDICIÁRIO CATARINENSE|

As trabalhadoras/es negras/os do judiciário catarinense estão organizados coletivamente e pautando o racismo na luta sindical. Em 2022, foi realizado o 1º Encontro de Negras e Negros, no Quilombo Vidal Martins, em Florianópolis. O tema foi a fome. Também há presença da organização do coletivo no Instagram, para fazer contato, acesse AQUI.

“A nossa participação em espaços de formação que contribuem com a construção de uma comunicação antirracista, passa pele nossa compreensão e compromisso enquanto Sindicato no que tange à imprescindibilidade da luta contra o racismo, tanto no que se refere as condições de trabalho de trabalhadoras/es negras/os do judiciário catarinense, quanto em relação a necessidade de edificarmos um sistema de justiça menos desigual”, defende a diretora do SINJUSC e liderança do coletivo Ellen Caroline Pereira.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *