A presidenta do SINJUSC, Carolina Rodrigues Costa.

Seminário Internacional “Por Um fio” pode ter segunda edição

Ao final do Seminário Internacional “Por Um Fio”, realizado nos dias 29, 30 e 31 na UFSC, a presidenta do SINJUSC, Carolina Rodrigues Costa, desafiou quem estava presente a realizar a segunda edição do evento. A proposta feita para representantes de todas as entidades presentes será avaliada pela organização que além do Fazendo Escola contou com a Associação Brasileira de Estudos do Trabalho (Abet) e o Laboratório de Sociologia do Trabalho da UFSC (Lastro), além do apoio, via emenda parlamentar, do deputado federal Pedro Uczai (PT-SC).

A intervenção da presidenta do SINJUSC aconteceu no último debate do evento intitulado Deprimidos e unidos! Politizando a tristeza através da organização coletiva. A mesa também contou com a participação de Jorge A. Kohen da Universidade Nacional de Rosario (Argentina) e da representante da Abet e professora da UFSC, Thaís Lapa.

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MAIS-VALIA, TECNOLOGIA E TRABALHO NÃO REMUNERADO

Carla, Alcides, Deivison e Jordanna

Apesar das transformações causadas pelo avanço tecnológico nas formas de produção e reprodução social, Deivison Faustino levou as pessoas que participaram do debate “E fora do stories? Tecnologia, intensificação do trabalho e tecnostress”, a perceber a atualidade de conceitos da teoria marxista como por exemplo valor e mais-valia.

Para o professor da Unifesp, o trabalho humano segue sendo a única forma de geração de valor na sociedade e por isso, Deivison aponta para uma espécie de “laborização” do cotidiano, fator que aumenta muito a quantidade de trabalho não remunerado.

Ao gravar, editar e postar vídeos e imagens em redes sociais, as pessoas estão trabalhando gratuitamente, por exemplo, para a Meta, empresa dona do Facebook, WhatsApp e Instagram. Aplicativos para celular fazem com que as pessoas trabalhem na interação dos conteúdos e “laborizam” o lazer, contribuindo gratuitamente para o aumento do lucro dessas empresas que vendem a quantidade de pessoas alcançadas pelas postagens.

Esse é apenas um dos exemplos, mas os caixas eletrônicos e aplicativos de bancos também participam do mesmo movimento que demitiu milhões em todo o mundo ao transferir funções básicas de bancários para os próprios correntistas que passaram a realizá-las gratuitamente.

Com isso, Deivison alerta para o perigo do grande acúmulo de trabalho não remunerado, fenômeno que impulsiona a concentração da renda e acelera o processo de crise econômica do capital com resultados desastrosos para a população em todo o planeta.

A IMPRESCRITIBILIDADE DO TRABALHO DE CUIDADO E JORNADA MILITANTE

Carla Antloga, que participou do mesmo debate realizado no Seminário Internacional Por Um Fio, durante o sábado, dia 31 de agosto, disse que grande parte do trabalho de cuidado, realizado majoritariamente por mulheres, segue sem remuneração desde muito antes da chegada das tecnologias digitais.

A professora falou sobre a imprescritibilidade do trabalho realizado, por exemplo, pelas mães no cuidado do filho, sem hora para começar ou acabar, essa é uma jornada em que tudo pode acontecer e sem uma rotina mais ou menos determinada, o trabalho fica muito mais estressante.

Já Alcides Campelo do Sindjud-PE falou sobre os limites do corpo e a necessidade do movimento sindical endereçar a questão da saúde em todos os locais de trabalho, inclusive os próprios sindicatos. De acordo com Alcides, é muito comum que dirigentes sindicais enfrentem jornadas extenuantes por anos a fio, inclusive abrindo mão de outros direitos como férias, descanso semanal remunerado e até da convivência com a família e amigos fora do sindicalismo.

OFICINAS E CONFERÊNCIA SOBRE ASSÉDIO MORAL

Roberto Heloani e Suzana Tolfo

Além disso, nos dias 30 e 31 de agosto, no Centro de Filosofia e Humanidades (CFH-UFSC), oito oficinas trouxeram temas que vão desde a linguagem teatral aplicada a temas trabalhistas até experiências com o Sistema de Informação de Agravo de Notificação (Sinam).

A professora do Neppot-UFSC, Suzana Tolfo, e o professor da Unicamp, Roberto Heloani, palestraram na Conferência sobre Assédio Moral que aconteceu na sexta, 30 de agosto. Além de uma homenagem à professora Margarida Barreto, pesquisadora que faleceu durante a pandemia, ambos falaram sobre as experiências que tiveram durante pesquisas relacionadas ao assédio no local de trabalho.

APRESENTAÇÕES CULTURAIS E LANÇAMENTO DE LIVRO

Na sexta, dia 30 de agosto, o Seminário contou com a montagem da peça original do Coletivo Nega intitulada “P?-à-Porter” que foi encenada pela Ação Nega de Práticas Teatrais do Programa de Extensão Diálogos Recíprocos (NUDHA/CEART/UDESC) e aborda o racismo na sociedade brasileira.

Na manhã de sábado, dia 31 de agosto, foi a vez do Grupo Mãe da Rua realizar uma  intervenção cultural na entrada do Espaço Físico Integrado (EFI) da UFSC, abordando questões enfrentadas pelas mulheres trabalhadoras como a maternidade solo, a violência de gênero e o sexismo.

Ainda no sábado, na parte da tarde, Thaís Lapa (Abet) e o professor Roberto Heloani (Unicamp) lançaram o livro ‘Futuros do trabalho: reconstruindo caminhos para a proteção social no Brasil’ pela editora Fino Traço.

A publicação trata da piora dos índices do mercado de trabalho na última década, a consolidação da pejotização, da persistência das desigualdades regionais, dos impactos da “plataformização”, do trabalho análogo ao escravizado e das mulheres e pessoas negras nos piores postos de trabalho.

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