Por Andréia Espíndola, assistente social de Palhoça
A previdência social no Brasil foi uma importante conquista dos trabalhadores. Começou poucos anos depois de 1920, inicialmente com as caixas de aposentadoria de diferentes categorias: ferroviários, mineiros, funcionários dos correios. Triste ver um sistema de proteção ainda tão jovem ser desmontando, aniquilado.
As notícias são que o governo não foi zeloso com o dinheiro de quem contribuiu com a previdência social. Quando a maior parte da população brasileira era jovem usou o dinheiro da previdência para outros fins como a construção de Brasília, a usina hidrelétrica de Itaipu, a Transamazônia e agora somos nós que temos que pagar a conta (…).
Acredito que a reforma proposta é um retrocesso, pelo jeito nunca vamos alcançar a aposentadoria, com a idade mínima sempre sendo postergada mais um pouco, muito provavelmente não vamos usufruir do seguro contratado, vamos morrer trabalhando (…). Ruim contratar um serviço e depois ficar “na mão”.
Acredito que a reforma é um retrocesso. A proposta atual sinaliza que vamos voltar aos primórdios quando cada família sustentava seu idoso, seu moribundo.
Visualizo o empobrecimento das famílias brasileiras com a chamada nova previdência. Com a postergação da aposentadoria praticamente não teremos nas famílias pessoas com disponibilidade para auxiliarem nos cuidados das crianças ou idosos em idade mais avançada num cenário de pouca oferta de vagas em creche para crianças e inexistente para anciãos.
Atualmente ainda temos avôs que auxiliam os filhos nos cuidados das crianças quando faltam vagas nas escolas de educação infantil da rede pública, quando o ensino em período integral ainda é escasso, quando não existe plantão durante os longos períodos de férias escolares.
E depois com a nova previdência como as famílias se organizarão? Acredito que exista muito interesse dos bancos em venderem planos de previdência privada, desta forma,
querem o desmonte da previdência que mal ou bem ainda amparou gerações de brasileiros.
O artigo foi publicado na edição de hoje (14/03) do Diário Catarinense.