Discurso proferido pela presidenta do SINJUSC, Carolina Rodrigues Costa, no 13º Congresso da Fenajud realizado entre os dias 6 e 8 de junho de 2024, no Rio de Janeiro
“Nesse Congresso, em todo o espaço da FENAJUD, a coisa mais importante que tem é a base. E aí eu digo isso, não no sentido de aceitar tudo o que vem da base, mas de fazer a formação política com essa base. De estar junto para pensar qual é o futuro dos sindicatos e qual é o futuro da Federação também. Porque meia dúzia de dirigentes não fazem a luta. Seria esperar muito da gente. E isso não é possível.
E aí eu comunico aqui que o SINJUSC, nesta eleição, volta para esse espaço da base, entendendo a importância de pautar a política. E aí vocês perguntam por quê. Será que não dava para fazer diferente? E eu respondo que nós entendemos que o debate político da tese, que tem ideias tão importantes, não se concretizou na prática, na construção política da chapa. Porque os princípios foram deixados de lado em prol de uma acomodação de interesses individuais sob a justificativa de um pragmatismo político.
Então, com uma tese que em princípio se pretendia feminista, não foi permitido que o meu Sindicato, presidido por uma mulher e com uma direção majoritária de mulheres, participasse de maneira profunda do debate. E aí eu acho que tem uma contradição de método e de conteúdo. Então não se trata de uma questão de vagas.
E aí vocês me perguntam, mas será que não dá para abrir mão de alguma coisa, companheira? Dá para abrir mão de muita coisa, mas não dá para abrir mão de duas coisas que são fundamentais. Uma é o debate político à esquerda. Eu venho de um Estado que é considerado o Estado mais “bolsonarista” do Brasil. Se a gente não faz enfrentamento, a gente coloca em risco a própria vida do nosso Sindicato. E eu venho de uma direção que é feminista. E se eu não luto para que o debate inclua as mulheres, eu abro mão da nossa trajetória e eu abro mão da nossa dignidade.
Então, eu quero dizer que não havendo espaço para se debater todo o processo das mulheres, a gente volta para a base, contente, para fazer política. E quero dizer, começando esse processo político de maneira muito respeitosa, falar para todas as companheiras delegadas que estão aqui, é difícil para a gente fazer a caminhada, mas vamos pensar um projeto de feminismo que seja coletivo e não a soma de necessidades individuais. Um processo político que olhe para um mundo que pode ser melhor, porque eu acho que isso está na mão das mulheres. Então, companheiras, não aceitem, não aceitem esses processos políticos em que vocês só têm que validar as decisões que os homens já tiraram. Não aceitem, companheiras.
Não aceitem que expliquem as coisas para vocês. Não aceitem que digam que vocês não têm trajetória política, porque em todos os espaços políticos que os homens não querem, somos nós que vamos salvar a lavoura.
Principalmente, companheiras, sejam livres, sejam felizes, sejam rebeldes, porque o patriarcado, que é o que segura esse sistema capitalista e enche a gente de miséria, quer a gente triste, ressentida e pequena. Companheiras, fiquem sempre do seu tamanho, que é imenso, e nunca baixem a cabeça. Coragem para fazer a luta, a gente mostra porque não é fácil ser mulher.
Eu entendo a dificuldade de composição da chapa. Talvez fosse mais fácil se tivesse incluído as mulheres, porque nós, na nossa vida, estamos acostumadas a acomodar as necessidades dos outros para que todo mundo fique bem. O SINJUSC não se retira da Federação, ele constrói na esperança de que vão vir dias melhores, porque, meus companheiros, virão também dias mulheres. Sigamos nas nossas convicções.”
Eu gosto muito de ouvir a Carolina falar! Inteligente e ao mesmo tempo leve com as palavras, sabe se posicionar! Obrigada Carol!