Uma ideia simples, um espaço ocioso, alimentação saudável, educação, saúde e transformação social. Essas são algumas das premissas que norteiam o projeto que o SINJUSC acaba de integrar: a criação de uma horta urbana inclusiva, em que os alunos são pessoas em situação de rua. Além do Sindicato, fazem parte do plano de ação o Instituto Fontes, a Escola Anabá e a Pastoral da Rua.
A prática da agricultura urbana é hoje, inclusive, uma atividade incentivada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (ONU/FAO) como estratégia de aumento da resiliência das cidades e adaptação às mudanças climáticas, além de ser um importante elemento na segurança alimentar da população.
Com custo zero para o SINJUSC, a ideia é revitalizar o terraço do sindicato, que hoje está em desuso e conta com 120 metros quadrados, para construir uma horta suspensa com capacidade para produzir de 6 a 8 caixas de hortaliças por semana, além das ervas medicinais. Todo o preparo do local, manutenção e escoamento do que for produzido será acompanhado pelo idealizador do projeto, agrônomo e professor, Guilherme Gomes.
Também será ocupada a parte dos canteiros que ficam localizados na entrada do SINJUSC.
A ideia é promover formação sócio-pedagógica e gerar oportunidade e renda às pessoas em situação de rua acolhidas, pautadas na agroecologia e autonomia financeira, com foco na produção de alimentos saudáveis sem uso de insumos químicos e agrotóxicos. Todo o alimento gerado será vendido em pontos estratégicas de Florianópolis e o dinheiro revertido às pessoas em situação de rua que fazem parte do projeto.
“Essa gente somos todos nós”
“Tanto a Pastoral da Rua quanto a Rede de Inserção da Rua (RIR), trabalham no sentido de resgatar a autogestão dos indivíduos em situação de rua. Mais do que abrigo, saúde e alimentação, eles precisam também querer e conseguir sair da rua. Essas instituições agem no sentido de promover palestras, encontros e cursos que possibilitem uma capacitação para se reinserir no mercado de trabalho, sabendo que, junto com a habilidade profissional, vem a recuperação da autoestima e da capacidade de reação frente aos revezes que todos estamos sujeitos em nossas trajetórias”, explica Gomes.
Horta urbana – renda, qualidade de vida e alimento saudável
O projeto de integrar horta com inclusão de pessoas em situação de rua é pioneiro em Santa Catarina, mas projetos de hortas urbanas ou comunitárias estão espalhadas em mais de 120 pontos, só em Florianópolis.
No mundo todo existem, segundo a FAO, em torno de 800 milhões de agricultores urbanos. Juntos, são responsáveis por produzir de 15% e 20% de todo o alimento produzido no mundo, empregando até 150 milhões de pessoas.
Da Europa a Florianópolis – hortas urbanas melhoram as cidades
As hortas comunitárias têm conquistado cada vez mais espaço no mundo todo. Elas atuam como fonte de alimento orgânico e saudável e também como ferramenta de integração social. É o exemplo puramente genuíno de que quando as pessoas se unem em prol de um objetivo, a coletividade mostra seu poder de transformação.
Na Suíça, por exemplo, um dos países que mais aderiu ao movimento de criar hortas urbanas, existe a Avenida Crozet, em Genebra, onde cada morador planta um alimento diferente, depois pode colher outra variedade de alimento dos vizinhos. Desta forma, a população consome produtos orgânicos frescos à base de trocas, aumentando o senso de comunidade.
Já em Londres, não é preciso ter um quintal para produzir. Por lá, o cultivo é sob os trilhos. A inciativa faz parte do projeto Growing Underground, que produz alimentos a 30 metros abaixo de uma estação de metrô.
Em Berlim, na Alemanha, os moradores transformaram um antigo lote bombardeado pela Segunda Guerra Mundial e, em desuso, em uma fazenda urbana administrada pela comunidade, com seu próprio café e bar. O local chama-se Prinzessinnengarten e foi inspirado nos jardins comunitários de Havana – Cuba. O jardim social produz uma variedade de vegetais como erva-doce, cenoura, rabanete e couve, mas também ervas, além de um apicultor que cuida das 10 mil abelhas que polinizam os abundantes canteiros de flores da fazenda.
Exemplos inspiradores não faltaram ao projeto de Florianópolis que terá como sede o SINJUSC.
Inclusão Social, alimentação saudável e cidade mais verde!
Parabéns aos envolvidos nesse projeto, e aos nossos gestores do SINJUSC pelo “Olhar” e por pensar “fora da caixa”; principalmente considerando o próximo. Quem sabe com esse sentimento de compaixão e compartilhamento daquilo que, inclusive, está ocioso (espaço da horta), rumamos para uma sociedade menos egoísta, mais justa e solidaria.
Parabéns pelo projeto, mas espero que tenha sido consultado um engenheiro (especialista em estrutura) para avaliar a sobrecarga gerada por este projeto (horta comunitário). Se o prédio não tiver capacidade de suporte, poderá ocorrer um comprometimento estrutural, com risco de problemas mais graves, como algum tipo de colapso da estrutura. Fica a recomendação.
(Engenheiro DEA/TJSC)