De forma proposital, setores oportunistas estimulam o preconceito contra os servidores públicos para que as pessoas acreditem que o funcionalismo é ineficiente.
Acontece que, de forma geral, o serviço público é marcado justamente pelo contrário: carga horária excessiva e condições de trabalho longe do ideal. Ou seja, servidores trabalham muito.
A pandemia do novo Coronavírus comprovou a importância dos serviços públicos. Se não fossem os servidores da Saúde Pública, por exemplo, certamente o Brasil seria o país com maior quantidade de mortos, afinal, continuaram na linha de frente no combate ao novo Coronavírus, enfrentando falta de estrutura e os riscos do contato direto com a doença.
Como o caso dos servidores do Instituto Butantã, Anvisa e da Fiocruz, que trabalharam pela pesquisa, acompanhamento e aprovação da vacina no Brasil. São servidores de carreira que ingressaram por concurso público e, portanto, atendem aos interesses da União/Estado, e não de governadores/legisladores. Com isso, atendem aos Direitos do Povo!
Por causa de servidores de inúmeras categorias, o Brasil não parou e serviços essenciais continuaram a ser prestados. Apesar das limitações impostas pelo isolamento social, as principais atividades permaneceram sendo executadas.
Cobrança maior no teletrabalho
De acordo com um estudo publicado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), os servidores em home office foram muito mais cobrados pela sua produtividade do que os trabalhadores da iniciativa privada, durante a pandemia.
Segundo a pesquisa, 62% dos funcionários públicos precisaram cumprir metas, contra apenas 51% dos trabalhadores do setor privado.
O funcionalismo também enfrenta maiores dificuldades em relação às condições estruturais para o trabalho.
Grande parte dos servidores tiveram que arcar com gastos com internet e energia elétrica, equipamentos de informática (computadores e periféricos) e mobília de escritório, sem o suporte órgão público empregador.
Já a legislação é muito mais rígida em relação às obrigações das empresas privadas em fornecer as condições adequadas de trabalho para seus funcionários.
Maior produtividade dos servidores não é de hoje
Um dos estudos realizados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) mostrou que a produtividade dos servidores públicos entre 1995 a 2006 foi 46% maior que a dos trabalhadores da iniciativa privada.
O estudo apontou também que, no mesmo período, a produtividade dos funcionários públicos cresceu 14,7%, enquanto a dos profissionais do setor privado aumentou em 13,5%.
Muita ideologia, pouco argumento
Quem ataca os servidores e os serviços públicos raramente consegue provar as acusações porque os dados reais desmentem a maioria das acusações.
A discussão sobre a “produtividade dos servidores” é cercada mais por ideologias radicais do que pela argumentação técnica ou dados reais.
Quem cria essas mentiras para contaminar a população age por falta de informação ou (principalmente) por má fé. São representantes de setores que estão ansiosos para colocar as mãos nos recursos públicos.
Quando se trata de servidores, os discursos de políticos e de membros dos governos estão contaminados pelo desejo de transferir o máximo de recursos para a iniciativa privada (por isso, agem como office boys de interesses de alguns grupos).
Não é coincidência que esses mesmos que mentem sobre os serviços públicos são os defensores da Reforma Administrativa, um projeto que irá reduzir o papel do serviço público (afetando a maior parte da população) para privilegiar a transferência de recursos para grupos econômicos, aumentando o desvios de dinheiro público e a ocupação de cargos por apadrinhados políticos.
Menos servidores é igual a menos atendimento.
Barrar a Reforma Administrativa é garantir um futuro com mais dignidade para os brasileiros.