“Na prática, as pessoas estão trabalhando um dia a mais toda semana”

A maior parte das trabalhadoras e dos trabalhadores dos judiciários da região Sul do Brasil (60,6%) extrapolam a carga horária em até uma hora todos os dias. Para o Vice-presidente do SINJUSC, Neto Puerta, “a virtualização dos processos intensificou o trabalho. E, hoje, na prática as pessoas estão trabalhando um dia a mais toda semana, sem receber nada por isso. Na verdade, recebem mais cobranças”.

O dado percentual consta nos resultados da pesquisa sobre os “impactos psicossociais do trabalho não presencial na saúde mental de trabalhadores do Poder Judiciário” apresentado pelas coordenadoras do Núcleo de Estudos de Processos Psicossociais e de Saúde nas Organizações e no Trabalho (Neppot/UFSC), Renata Silva de Carvalho Chinelato e Suzana da Rosa Tolfo, na última segunda (22/05).

A pesquisa foi realizada entre setembro de 2021 e julho de 2022 por meio de uma parceria do Fazendo Escola com o Neppot/UFSC e coletou informações de 1203 trabalhadoras e trabalhadores dos poderes judiciários do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina através do preenchimento de formulário online. Além do SINJUSC, também  fazem parte do Centro de Estudos Fazendo Escola: Sintrajusc, Sindjus-RS, Sintaj-BA, Simpe-SC, Sindijus-PR e Sindjud-PE.

FALTOU SUPORTE DO TRIBUNAL DURANTE ADAPTAÇÃO AO HOME OFFICE

De acordo com a Dra. Suzana Rosa Tolfo “a adaptação compulsória ao home office foi muito difícil no início com ausência de suporte por parte do Tribunal sobre como o trabalho deveria ser feito e também com relação a equipamentos e mobiliário para trabalhar em casa. Além disso, a sobrecarga, o aumento de metas e o isolamento estão entre os maiores dificultadores dessa adaptação”

OBSERVATÓRIO É PROPOSTA DO SINJUSC PARA ACOMPANHAMENTO PERMANENTE

Agora, o Fazendo Escola está trabalhando no desdobramento dos resultados da pesquisa com o objetivo de transformá-los em textos e materiais capazes de munir a categoria com informações para a produção de reivindicações políticas que promovam a saúde mental no ambiente dos poderes judiciários da Região Sul do país.

Para Carolina Rodrigues Costa, presidenta do SINJUSC e do Fazendo Escola, “esses resultados são uma espécie de fotografia do momento pandêmico nos judiciários, é por isso que é tão importante construirmos um observatório para fazer um monitoramento permanente dos impactos do trabalho na nossa saúde mental”

Um comentário

  1. O problema não foi durante a pandemia, mas a consequência dela nos dias atuais. No último Fonaje, por exemplo, deixaram bem claro, que tudo caminhe mais rápido do que já está, como se nosso estado já não se destacasse em todo país pela alta produtividade. Nós estamos sobrecarregados, muitas vezes, com estafa mental, além de ainda competir com robôs, sob a desculpa de que o servidor irá priorizar o atendimento, como se já não estivesse fazendo, o que é uma grande inverdade. Nossa saúde está cada vez mais debilitada, e ainda exigem nossos equipamentos particulares e celulares pessoais, sob outra desculpa de segurança, mas os golpes irão continuar porque essa é a grande fragilidade da tecnologia, ficando os servidores cada vez mais vulneráveis a desmandos e comandos.

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