`Homem onça´ traz na pele a realidade do trabalhador público ameaçado com privatizações

O filme Homem Onça chegou ao cinema do SINJUSC nesta terça-feira, 31, mais atual do que quando o diretor Vinicius Reis o roteirizou em 2010. Os impactos do trabalho na identidade do homem e as privatização de grandes empresas públicas brasileiras foram o cerne do longa protagonizado pelo ator Chico Díaz.

Dois trabalhadores públicos sindicalistas de Santa Catarina, que lutaram contra os processos de privatizações, dos Correios e Eletrobrás, mediaram o debate após a exibição da produção. A penúltima sessão do ano teve casa cheia, novamente, e contou a presença de trabalhadores públicos do TJSC e diversas outras categorias.

Homem Onça, porque o enredo traz Pedro (Chico Díaz) em fábula como animal: predador, ameaçado de extinção, narrando o processo de privatização de uma das maiores estatais do país, a fictícia Gás do Brasil.

Os anos dedicados à estatal, convertidos em uma vida de classe média estável, é totalmente precarizada com antecipação da aposentadoria e demissão da sua equipe de projetos, além de uma separação conjugal. O processo de revisão da vida traz a metamorfose de Pedro com o avanço do vitiligo, que mancha a macha pinta sua pele e a transformam em “homem onça”.

A doença de pele pode ser observada como um processo de reinvenção. No trama, embora o diretor tenha usado imagens da luta contra as privatizações de 1990, o centro do filme se desenrola a partir de uma perspectiva individual, o que gerou um amplo debate ao final da exibição.

RESISTIR E COLETIVIZAR|

O debate convergiu pelo caminho da coletividade, assim como a mediação dos debates pelos colegas de luta, Hélio Samuel de Medeiros, do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos e Similares de Santa Catarina (SINTECT-SC) e Tiago Bitencourt Vergara, do Sindicato dos Eletricitários de Florianópolis e Região (Sinergia). Os sindicalistas lembraram toda luta empenha em defender as empresas públicas e os impactos da privatização à população. Os expectadores também sublinharam a importância da sindicalização e resistência dos trabalhadores em processo de retirada de direitos.

“No filme, Pedro enfrenta a demissão dos colegas e a privatização da empresa de forma individual. A gente, como sindicalista, analisa na perspectiva coletiva e entende que o caminho pra enfrentar e defender os trabalhadores, passa pela organização da luta. Um bom exemplo, é a luta dos aposentados, junto com o Fórum Catarinense em Defesa do Serviço Público, contra a reforma da previdência. Estamos há meses em resistência na Alesc reivindicando mudanças na previdência pública. Só conseguiremos aprovar o projeto pela revogação dos 14% com a luta de muitos. Os sintomas podem ser individuais, mas a luta em busca de mudanças, é coletiva”, argumenta Neto Puerta presidente do Fazendo Escola.

SEJA UM APOIADOR DO PROJETO|

A categoria e dirigentes sindicais do Sindicato dos Servidores da Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (SINDJUS RS) participaram online, com sala de exibição na sede do sindicato, em Porto Alegre. O SINDJUS-RS é parceiro do Fazendo Escola e contribui nas discussões. Se você, sindicato, se interessou pelo projeto de cinema e quer ser um apoiador e exibir os filmes, faça contato pelo CONECTE-SINJUSC.

ÚLTIMA SESSÃO DO ANO|

O Cine Debate encerra a programação de 2023 com a exibição do documentário, de Ana Petta e Helena Petta, “Quando Falta Ar”, que registrou a luta de mulheres na linha de frente do SUS, durante o combate à pandemia de Covid-19. Será no dia 31 de novembro, às 19h, na sede do SINJUSC, em Florianópolis, somente de forma presencial. Para garantir sua vaga, reserve lugar pelo CONECTE SINJUSC.

O projeto Sobre Viver é uma iniciativa do Centro de Estudos Fazendo Escola em parceria com o Laboratório de Sociologia do Trabalho da UFSC (Lastro) financiada por emenda parlamentar do Deputado Estadual Pedro Uczai (PT). Além do SINJUSC, o Fazendo Escola reúne o Sintrajusc, o Simpe-SC, o Sindijus-RS, o Sindjus-PR e o Sindjud-PE.

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