Para além de todas as lutas empenhadas em defesa da categoria em âmbito nacional (contra as PECS 186 e agora 32 (Reforma Administrativa), o SINJUSC também se dedicou a estudar e dialogar sobre as mudanças no trabalho do judiciário e articulou com o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, um grupo de trabalho para debater o balcão virtual. Uma reunião aconteceu essa semana entre Sindicato e o Tribunal.
A nova modalidade de atendimento por videoconferência, que conforme exposto pelo SINJUSC, não vem para facilitar ou agilizar o trabalho dos servidores, e sim, para sobrecarrega-lo, faz parte das transformações do mundo do trabalho. E para pensar o assunto, não basta apenas se posicionar contra ou pedir que o serviço seja suspenso. É preciso se formar e debater o assunto, porque muitas outras propostas surgirão e modificarão a dinâmica do trabalho e os sindicatos, que verdadeiramente se importam com as condições do trabalho, precisam estar vigilantes e atuantes.
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O grupo de trabalho foi proposto e articulado pelo Sindicato. No ofício encaminhado ao TJSC, foi argumentado que o trabalho remoto foi acelerado com a pandemia e deve se fixar mesmo pós-pandemia. E com isso, as rotinas laborais, agora feitas de casa – muitas vezes sem estrutura ou qualquer indenização pelos custos – foi alterada e o servidor seguiu trabalhando e muito, aumentado a produtividade do tribunal.
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No entanto, sobra esforço para propor novas mudanças na forma de trabalho, mas falta tempo para debater em quais condições essas mudanças serão feitas. O SINJUSC fez inúmeros debates, congressos, pesquisas e publicações sobre isso, a exemplo, das dificuldade de conciliar vida doméstica e trabalho – no mesmo ambiente, do direito à desligamento, do assédio provocado pela excesso de cobranças e metas, entre outros.
Pós-pandemia será preciso pensar em novos direitos
O trabalho remoto não deve ser encarado como um benefício, é trabalho, e sobretudo agora em pandemia, deveria ser um direito, que todo trabalhador pudesse ficar ou trabalhar de casa. Há maneiras de custear essa permanência, basta vontade e prioridade política que vidas sejam salvas.
Ainda no ofício, o SINJUSC argumenta que com a confluência da vida pessoal e trabalho surgiram questionamentos não feitos no trabalho presencial: até que ponto é possível que o trabalho acesse a intimidade dos trabalhadores? qual o momento de sair do trabalho? quando cessa a obrigação de responder as demandas? ou, de outra perspectiva, quais são os limites para que o chefe imediato ou o próprio TJSC possam implementar sanções ou avaliações negativas com os objetivos de produtividade, sem levar em consideração os problemas decorrentes do trabalho não presencial?
Finaliza que o debate do mundo do trabalho permeia discussões em várias países, como França, Canadá, Filipinas, Índia, Itália, Bélgica e Portugal. E cita que o diálogo e pensar em conjunto, a exemplo da Comissão de combate ao assédio e discriminação – que o SINJUSC compõe, é o melhor caminho para propor soluções. O Sindicato sempre defendeu o diálogo entre todos os envolvidos para negociar, debater e solucionar conflitos.
Debate internacional
Para ampliar a profundidade do tema, conforme publicado nesse site, em outubro deste ano será realizado o Seminário Internacional Sobre o Mundo Contemporâneo do Trabalho na América Latina. O evento é uma iniciativa do Fazendo Escola em parceria com a UFSC, por meio do Laboratório de Sociologia do Trabalho (LASTRO/UFSC), que é vinculado ao Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH).
Mais adiantado, porém, está a realização de uma formação também com o apoio da UFSC, em maio deste ano, onde também será debatido este assunto. Em breve mais informações sobre inscrições e datas aqui no site. Acompanhem!
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Pesquisa com a categoria
E para municiar o grupo do trabalho, o Sindicato também prepara uma enquete com a categoria sobre o balcão virtual. Ela deve ser divulgada em breve. Aguardem e participem!