Em continuidade à agenda de exibições do projeto Cine Debate “Sobre Viver”, em parceria com a UFSC, a sede do SINJUSC teve nova e penúltima sessão nesta terça-feira (01/11), com o Filme Terra Fria, da diretora neozelandesa Niki Caro. A trama, baseada em história verídica, é uma sinopse incômoda e real do discurso machista, preconceituoso e do silenciamento que mulheres vítimas de assédio sexual sofrem.
No filme, a opressão, exploração e abusos contra as mulheres estão em casa, trabalho, ruas, escolas, bares e, até mesmo dentro do sindicato, que, ainda enquanto mecanismo de defesa da classe trabalhadora, é perpetuado por lideranças masculinas. A dupla e desgastante jornada da mulher trabalhadora também tem espaço de discussão.
Em resumo, a produção baseada em livro narra a história de uma mãe solo (Aimes) que sofreu violência doméstica e busca trabalho em mineradora de ferro para sustentar sozinha os dois filhos. A personagem sofre diversos abusos no trabalho: agressões físicas, morais, psicológicas, sexuais, em que os operários do sexo masculino desprezavam as operárias do sexo feminino. Sem respostas para suas reclamações, Aimes decide entrar com uma ação judicial contra a empresa, sendo propositora da primeira ação coletiva por assédio sexual dos Estados Unidos.
VIOLÊNCIA: UMA PANDEMIA QUE ATINGE TODOS|
A exibição contou com presenças na sede do SINJUSC e também espectadores online, que ao final debateram e argumentaram as diversas formas de violência apresentadas no longa.
“A violência que ela (personagem principal) passa nos atinge diretamente, porque é muito forte e explícita. Recentemente escrevi um texto sobre violências cotidianas, que tem o objetivo de tolher a gente dos espaços. Isso fica bem explícito quando ela quer ir pra mina e, mesmo trabalhando no local, não há de fato uma permissão pra ela estar lá, a direcionando para um mundo limitado”, observa a diretora do SINJUSC, Carolina Costa.
O advogado especialista em Direito Constitucional, Johni Lucas da Silva, soma à discussão o papel da coletividade: “no final, alguns homens se unem às mulheres. Nós homens também temos que ter essa sensibilidade à pauta das mulheres e lutar por todos. É aí que entra o papel do sindicato”.
O CAMINHO É COLETIVO|
O desfecho do enredo culminou em uma ação de classe, levando o caso a mudar a lei de assédio sexual nos EUA. Embora resistentes a depor em favor de Aimes, o processo só foi exitoso porque outras mulheres aderiram à ação coletiva. É exatamente essa a defesa do SINJUSC nas pautas de saúde, além das remuneratórias. O caminho e a solução às demandas da categoria são coletivas.
SINJUSC MANTÉM CANAL DE ACOLHIMENTO PARA CASOS DE ASSÉDIO|
O SINJUSC mantém um canal para combater a violência moral no trabalho, que além de incluir atendimento psicológico e jurídico gratuito, tem a proposta de organizar rodas de conversa para conscientização. Tudo de forma sigilosa e gratuita para filiadas e filiados. A proposta do sindicato é provocar a consciência de como a violência moral acontece e formas de combater coletivamente.
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DEZEMBRO TEM ÚLTIMA EXIBIÇÃO; GARANTA SUA PIPOCA|
O próximo e último filme que será exibido pelo “Sobre Viver” é a produção “Você não estava aqui”, longa britânico de 2020, do cineasta Ken Loach. A sessão acontece no dia 06/12, às 19h, na sede do SINJUSC ou de forma online. Para isso, basta solicitar participação no grupo do Cine Debate pelo CONECTE SINJUSC.