“Esta não é, nunca foi e nunca será a casa de um fura-greve”

“Escuta moço! Acho que temos pouco a conversar! De minha parte eu… Eu quero dizer que… Que estou muito surpreso. Que me enganei. E quero que você tome seu rumo. O rumo que escolheu. Porque esta, não é, nunca foi e nunca será a casa de um fura-greve.”

São duras as palavras de Otávio, interpretado por Guarnieri, ao filho Tião, encenado por Riccelli, em uma das cenas finais de “Eles Não Usam Black-tie”. O filme, um clássico da cinematografia nacional, foi exibido na terça (04/10), em sessão do Sobre Viver, projeto de extensão do Lastro UFSC em parceria com SINJUSC, FENAJUD, Fazendo Escola e RESIST. 

CONTRADIÇÕES DO MOVIMENTO SINDICAL NO FINAL DA DÉCADA DE 1970

Logo no início do debate, o professor Adriano Duarte do Departamento de História da UFSC, contextualizou o filme dentro da contradição que existia no movimento sindical do final dos anos 1970 entre a militância do Partido Comunista Brasileiro (PCB), herdeira de um legado que atravessou o Estado Novo e a ditadura de 1964, e o novo sindicalismo que deu origem ao Partido dos Trabalhadores (PT).

Os comunistas, temerosos com a ditadura, insistiam na preparação da greve para deflagrá-la, os mais jovens queriam aprovar a greve na assembleia e organizá-la ao mesmo tempo. No filme, o caricato Sardini, representava a ala mais radical.

Isso tudo, através da lente do diretor Leon Hirsch que na época parou as gravações de Eles Não Usam Black-tie para filmar o documentário “ABC da Greve”, sobre o movimento grevista do ABC paulista no início do processo de redemocratização do Brasil.

SINDICALISMO X INDIVIDUALISMO

Durante o debate que se seguiu ao filme e à contextualização com participação presencial de quem veio ao auditório do SINJUSC e remota por meio da internet, o individualismo dos tempos atuais foi abordado em quase todas as falas.

A necessidade de recuperar o sentimento de unidade da classe trabalhadora em meio a uma realidade que leva à alienação e ao individualismo é fundamental para a ampliar o poder de intervenção política organizada dos trabalhadores na sociedade.

A Secretária-geral do SINJUSC, Carolina Costa, a partir da atuação das atrizes Bete Mendes e Fernanda Montenegro, Romana e Maria, companheiras de Otávio e Tião, percebeu que a melhor estratégia para combater o individualismo é a partir da vida cotidiana.

“Elas fazem a luta a partir da vida cotidiana…. Por que é daí que a gente vai chamá-las. Então, como faz essa conversa em uma perspectiva de horizontalidade e não de cima para baixo, ensinando? Eu preciso ser o caminho, porque sou fruto de uma luta que vem antes de mim e então pensar o sindicato como um caminho para os direitos”

NOVEMBRO QUE VEM TEM MAIS CINE DEBATE

O próximo filme que será exibido pelo “Sobre Vivier” é o longa “Terra Fria” que aborda a questão do assédio no local de trabalho. A sessão acontece no dia 1º de novembro a partir das 19h no auditório do SINJUSC (Av. Mauro Ramos, 448 – Centro de Florianópolis ou pela internet, basta solicitar participação no grupo do Cine Debate pelo CONECTE SINJUSC

2 comentários

  1. Olá, alguma novidade referente ao pagamento do data-base 2021? havia previsão para o mês de outubro mas até então nada mais foi falado!

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