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Direito à desconexão| Pesquisa comprova adoecimento mental de servidores

Recente pesquisa feita com a categoria certificou o que repetimos sistematicamente: aumento da sobrecarga e adoecimento mental dos servidores. Participaram 1.230 trabalhadores e 54% responderam que o home office aumentou a carga de trabalho e 27% afirmaram sentir algum tipo de emoção negativa como solidão, ansiedade e/ou insegurança.

Sobre o cuidado com a saúde na pandemia, apenas 2% responderam que fazem terapia psicológica. Embora a atividade física seja importante, a ajuda psicológica também se faz relevante nesse processo de incertezas agravado pelo isolamento social.

Os relatos de sobrecarga são muitos: jornadas de quase 12 horas, metas abusivas, cobranças desnecessárias, ligações e mensagens fora do horário de expediente.

“O espaço doméstico é invadindo pelo trabalho e isso toma conta da nossa vida emocional. Os servidores ficam incapacitados de destingir e separar o que é trabalho e o que é vida doméstica. As coisas se misturam. O trabalho está presente o tempo todo. Aumentar a jornada de trabalho, principalmente em home Office, é extremamente nocivo à saúde mental dos trabalhadores”, explica o psicólogo e assessor do SINJUSC, Mateus Graoske.

Em relação a apenas 2% dos respondentes fazerem terapia, o psicólogo aponta alguns fatores: saúde mental não é tratada de forma séria como deveria pelo poder público, o tratamento nem sempre é acessível mesmo aos que possuem plano de saúde, déficit de apoio psicossocial nos municípios, além da ausência de uma política preventiva por parte do Tribunal em relação à saúde mental dos servidores.

“A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a depressão nos próximos anos irá se transformar na doença mais incapacitante para o trabalho no mundo. No Brasil, mais de 40% dos trabalhadores ativos estão afastados por depressão. Precisamos exigir que os empregadores e órgãos públicos tratam a saúde mental dos servidores de forma mais séria”, aponta Graoske.

Esses fatores demonstram a necessidade de aprofundar os debates sobre o Direito à Desconexão. Ele parte da premissa – tão óbvia quanto desrespeitada na realidade cotidiana – de que trabalhadores e trabalhadoras não podem estar permanentemente disponíveis para, fora do horário padrão, realizar tarefas do seu ofício através de meios digitais.

Sobre isso, Graoske falou em vídeo do Papo Cabeça publicado essa semana nas nossas redes. Confira o alerta:

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