Em alusão ao Dia Internacional das Mulheres, o Coletivo Valente convida todos e todas para Live especial na sexta-feira (12/03), às 19h30, pelo Instagram do grupo. O debate será sobre Abandono Paterno. E como convidadas, a cientista, mãe e ativista, Ligia Moreiras e a educadora popular e membro do 8M-Blumenau, Jaqueline Eilert. Quem fará a mediação é a diretoria e membro do Valente, Carolina Rodrigues Costa.
De acordo com dados do IBGE, em 2018, o Brasil tinha aproximadamente 11,5 milhões de mulheres que não podem contar com a presença e responsabilidade dos pais para cuidar e educar seus filhos: são as chamadas “mães solo”. Destas, mais de 57% vivem abaixo da linha da pobreza.
Somente no primeiro semestre de 2020, cartórios apontam que 6,31% das crianças foram registradas sem o nome do pai no Brasil.
Segundo Belinda Mandelbaum, professora de Psicologia Social no Instituto de Psicologia da USP e coordenadora do Laboratório de Estudos da Família (LEFAM), em entrevista à IP COMUNICA, é importante refletir sobre como nossa sociedade enxerga o abandono parental.
Para a professora do IP, tal visão é permeada por valores patriarcais, e o pai ausente é acusado por não desempenhar papeis como o de provedor e autoridade moral.
“A mãe é mais difícil de se ausentar, é mais raro. Nesse sentido é até visto como algo muito mais condenável pela nossa sociedade, justamente também como parte desses valores patriarcais, o lugar da mulher é o lugar de cuidado com os filhos”, continua Belinda.
Ainda segundo a entrevista realizada pela jornalista Caroline Aragaki, tamanha diferença no que diz respeito à maior parte de abandono paterno pode ser visto no fato de que o IBGE apresenta a categoria Mulher sem cônjuge e com filhos, mas não apresenta a categoria Homens sem cônjuge e com filhos. Estas mães solo correspondem à 17,4% das famílias brasileiras no ano de 2009.