Até terça, dia 8, estão abertas inscrições para o Encontro de Mulheres

Estão abertas até terça-feira da semana que vem, 8 de agosto, as inscrições para o Encontro de Mulheres do Judiciário Catarinense. Leia o Edital para se informar sobre a programação e como participar e depois preencha a ficha de inscrição e remeta ao e-mail indicado. O número de participantes está limitado ao local do evento, o Hotel Maria do Mar, em Florianópolis.

O Encontro será realizado dia 19 de agosto das 9 horas às 20 horas. Integrante da mesa de abertura, que tem como tema Mulheres no Judiciário – Desafios e Conquistas, Soraia Joselita Depin, da Comarca de Porto Belo, concedeu entrevista motivando à participação.

Sinjusc – O Poder está em cada uma de nós é o tema geral do Encontro de Mulheres e propõe três objetivos: participação, integração e democracia; palestras e oficinas para o bem estar relacionado ao trabalho e sociedade, e fortalecer a unidade e a luta por direitos. Estes são os temas do momento? Esta é a pauta das mulheres nesta hora histórica?

Soraia – Entendo que a luta pela manutenção dos direitos conquistados e pela conquista de novos direitos da mulher é constante, e está altamente ameaçado neste momento em que vivemos no Brasil. Com a retirada de direitos trabalhistas e sociais, a mulher é quem sofre primeiro. No judiciário catarinense somos maioria mulheres e por sermos trabalhadoras públicas, com melhor salário que boa parte da sociedade, com estabilidade, o que nos deixa mais seguras em algumas questões sociais e econômicas, temos maior possibilidade e por isso mais responsabilidade de debater as estruturas machistas e racistas e nos contrapor a elas. Trabalhamos lado a lado com trabalhadoras terceirizadas da limpeza, que ganham salários precários, e tem uma relação de trabalho totalmente injusta e frágil, sem representação sindical inclusive, e qual nossa responsabilidade com elas? Não as entendemos como trabalhadoras do judiciário? A pauta neste momento histórico, triste em que vivemos, é debater os desafios impostos, como este exemplo dos (as) trabalhadores (as) terceirizados e nos colocar em marcha pelas igualdades.

Sinjusc – Pesquisa divulgada no ano passado pelo Fórum Econômico Mundial aponta que serão necessários 95 anos para que mulheres e homens atinjam situação de plena igualdade no Brasil. Conforme o relatório, as cidadãs brasileiras, embora apresentem melhores indicadores na saúde e na educação, ainda enfrentam “acentuada discrepância” em representatividade política e paridade econômica. Você acha tempo demais? O que pode ser feito pelas mulheres, e por mulheres e homens, para reduzir esse tempo e colocar o nosso País em uma melhor sintonia?

Soraia – 95 anos é muito tempo! Temos que ter presente o sofrimento, a violência que fere, anula, mata a cada segundo mulheres, por serem mulheres. A desigualdade que leva mulheres a receber menos que homens, a ter dupla ou tripla jornada. Ter presente que a mulher não é livre para andar na rua sozinha, pois pode ser assediada, estuprada. É urgente que mulheres e homens acelerem esse processo. E não há outra maneira que não a sororidade, a empatia, o envolvimento dos movimentos políticos e sociais de forma ampla. E neste ponto, colocar o grande papel do nosso sindicato nesta luta, no entendimento que a discussão de gênero deve permear todos os debates, pois não há sociedade justa se não houver igualdade de gênero – saliento que igualdade não é tratar todos (as) iguais, mas tratar de forma diferente quem é desigual, buscando a equidade e o respeito a todas as diferenças.

Sinjusc – Levantamento com base em informações prestadas pelos três poderes da República em março de 2017 mostra que, proporcionalmente, o Judiciário é o que tem mais mulheres entre os trabalhadores públicos. Dos 8.100 que trabalham nos tribunais superiores, 4.013 são mulheres, o que representa 49,5%. Isso se reflete, por exemplo, nas questões de poder dentro do Poder, como a equalização entre homens e mulheres nas funções de chefia e da magistratura? Por quê?

Soraia – As mulheres, no judiciário têm, ao longo do tempo, na minha visão, alcançado vários postos de chefia, até por sermos maioria absoluta em Santa Catarina. Mas ressalto que de nada adianta para a construção de uma nova sociedade se a mulher alcança funções de chefia e reproduz o mesmo sistema opressor e injusto.  Por isso a necessidade do debate e do engajamento de mulheres e homens nos movimentos feministas, que é o movimento social e político que busca colocar mulheres e homens em igualdade de direitos.

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