As mulheres estão cansadas e a responsabilidade é do homem

De acordo com o relatório: “Tempo de cuidar: o trabalho de cuidado não remunerado e mal pago e a crise global da desigualdade”, as mulheres são responsáveis por mais de 75% do cuidado não remunerado, que inclui o trabalho de cuidado de crianças, idosos e pessoas com deficiências e o trabalho doméstico diário de cozinhar, limpar, lavar, consertar, etc.

No judiciário catarinense é comum que as colegas contratem uma pessoa (mulher) para fazer parte do trabalho doméstico e de cuidado, deixando o cuidado dos filhos em determinados períodos com babás ou a cargo de creches, escolas, etc.

Com a necessidade de isolamento social muitas famílias ficaram sem ajudante contratada e sem rede de apoio não remunerada (como avós, madrinhas, amigas) e as mulheres, principalmente as mães que convivem em relações heterossexuais, estão sobrecarregadas.

A sobrecarga da mulher com o trabalho não remunerado veio à tona com o regime de home office. O intenso convívio dos integrantes da família no ambiente doméstico, com adultos e crianças 24 horas em casa, evidenciou o problema, que já é bem conhecido por grande parte das mulheres.

Mas e os homens?

“Ah, eu ajudo a minha mulher!” é a primeira das frases mais ouvidas. Mas esta “ajuda” pressupõe que o homem ainda entende que a responsabilidade é da mulher e não sua. Então convidamos os homens a pensar a respeito dessa “ajuda”.

Tratar sobre machismo é polêmico, bem sabemos. Pois toca em questões sensíveis. Mas é importante entender que se trata de uma questão estrutural e todos nós, homens e mulheres. Estamos imersos nessa noção coletiva e naturalizada de machismo.

As mulheres estão se organizando e isto causa espanto. E este espanto é causado justamente pelo machismo estrutural,que estranha uma movimento de quem, via de regra, não deve se organizar para enfrentar determinadas questões.

As mulheres conversam, dialogam a respeito daquilo que lhes cansam, incomoda e oprime. O Coletivo Valente é um exemplo. Elas sabem que a sobrecarga impede a mulher de realizar atividades sociais, políticas e até de ser ela mesma (como tirar tempo para tocar um instrumento, fazer aquela leitura mais densa, um mestrado).

A Live desta última terça-feira falou sobre isso. Veja aqui!

Toda esta estrutura social sedimentada no patriarcado, traz aos homens um papel fundamental para desconstruir um modo de vida que cansa, incomoda e oprime aquela pessoa que eles dizem amar. Os homens precisam assumir a sua responsabilidade, muito além da “ajuda”.

As mulheres do judiciário catarinense estão sobrecarregadas e cansadas. Que tal construir um diálogo em que possamos refletir sobre a nossa responsabilidade no planejamento e nas atividades domésticas e de cuidado com os filhos (ou pais idosos)?

Um comentário

  1. “O Coletivo Valente é um exemplo. Elas sabem que a sobrecarga impede a mulher de realizar atividades sociais, políticas e até de ser ela mesma”….Desculpem-me o(a)s colegas, mas quem é o agente dessa sobrecarga? Acaso são os homens? Ou a cultura machista? Por outro viés, não seria o capital a origem de nossa desgraça? Coletivos, femin”ismos”, mach”ismos” e todos os “ismos” criados pela pós modernidade desconsideram absurdamente a força do capital. “Ismos” que não atacam frontalmente o capital, mas atacam apenas os efeitos deste nas relações horizontais são como “cães sem dentes”. Se é necessário, e de fato é, a ação dos coletivos, que esta ação não prescinda de teoria “amiga da classe trabalhadora” e que ataque primeiro ao capital, pois dele se origina todas as demais mazelas. Não é possível que um sindicato tenha como bandeira a luta contra o machismo, quando o capitalismo nos tira tudo. É isso que se registrará na história do sindicalismo? É assim que se reverterá o ROUBO ao orçamento público? É essa a consciência necessária ao trabalhador? Prezado(a)s, e tenho que colocar os ( ), vejam só, para não ofender a ninguém. Às vezes, até um x para não incorrer em mesma ofensa. A classe trabalhadora virou isso? Só isso? Essa pauta até a burguesia adota, sem qualquer constrangimento. Os “ismos” sem ataque ao capital, apenas de relações horizontais, não se engane, a Globo apresenta muito melhor.

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