A poesia como ferramenta de transformação pessoal

Marlene Edir Severino, servidora aposentada de Itajaí, adquiriu gosto pelas artes em 1985, quando começou a pintar óleo sobre tela. Autodidata, a artista seguiu a linha da técnica de aquarela, para em seguida se apaixonar pela poesia, que ela diz ser um vício. Compartilha do pensamento de que escrever é o melhor jeito de se expressar, de fazer parte do universo e que poetizar é uma ferramenta de transformação pessoal. Em entrevista exclusiva ao SINJUSC, Marlene conta como foi sua trajetória, conquistas, inspirações e seu próximo trabalho.

Como e quando começou sua aspiração ao mundo artístico?

Comecei a pintar óleo sobre tela em 1985, completamente autodidata e sem a menor noção de qualquer técnica. Aos poucos fui adquirindo livros sobre pintura, tentando aprimorar e fiz aulas com uma professora.  Logo fui convidada para ingresso na Associação de Artistas Plásticos de Itajaí. A partir do ano de 2000 apaixonei-me pela técnica de aquarela, também da mesma maneira, autodidata, e desde então abandonei a pintura a óleo.

Com a pintura em aquarelas comecei a escrever, hobby que já fazia parte da minha vida desde a adolescência, mas escrever com mais critério e dedicar-me à poesia. Para não me alongar mais, gosto de dizer que nos tempos atuais, sinto-me mais escritora do que aquarelista. Tornou-se quase um “vício” escrever e, às vezes, é quase diariamente – já a pintura em aquarela não tem sido tão frequente quanto.

 
O que te move?

Escrever tem se tornado o melhor jeito de me expressar, de sentir-me parte do universo. É o que faço de melhor, pois é o mais prazeroso. É o meu legado. E arrisco dizer que a poesia tem me tornado uma pessoa melhor: Não vivo mais sem a poesia!

Tem uma peça (livro, poesia, foto) preferida?

Desde que passei a dedicar-me à poesia, tenho lido quase que exclusivamente livros de poesia – poetas nacionais e estrangeiros. Difícil escolher os preferidos, mas vou tentar então, dentre os estrangeiros, destacar Sylvia Plath, António Ramos Rosa, Paul Celan e os nacionais, Clarice Lispector, Ana Cristina César, Hilda Hilst. E já que falo em Hilda Hilst, que amo, segue um poema dela, que gosto muito, de seu livro, Do Desejo:

Quem és? Perguntei ao desejo.

Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada.

Uma mensagem para pessoas que acompanham o teu trabalho:

Não sei se seria uma mensagem, mas sempre falo para as pessoas: Leiam! – leitura torna a vida mais interessante; procurem interessar-se por algum hobby – isso tem o poder de transformar os dias e torná-los mais prazerosos.

Quais são tuas inspirações?

Minha inspiração varia de acordo com o dia, acontecimentos, sentimentos. Não saberia precisar: o simples fato de olhar o céu pode trazer bons motivos para um poema; também um acontecimento grandioso, ou um outro que não tenha a menor importância, mas acaba “dando um poema”. Pode ser um tudo – ou nada. Não consigo precisar.

Em qual projeto você está trabalhando agora?

Estou organizando os poemas que tenho finalizados, em torno de 120 – em capítulos, enfim dando uma formatação, para transformá-los no meu segundo livro. Depois vem a parte de buscar a editora. Já está pronto há algum tempo, mas tive que postergar. Agora penso em dedicar-me a ele. Este é meu projeto atual.

Qual foi a primeira apresentação pública do teu trabalho?

Participei de algumas exposições de pintura coletivas, mas minha primeira mostra individual foi em 1996, nos Correios, aqui em Itajaí. Já com relação a escrita, participei da coletânea Livro das Pequenas Cousas, editado pelo SESC – seguida de outras que encontram-se discriminadas no meu livro, parte final, sobre a autora. O lançamento do meu livro Além do Quintal, poemas e aquarelas ocorreu em 12 de abril de 2011 na Fundação Cultural de Itajaí. Além do lançamento, fiz uma exposição, no mesmo local, de 15 aquarelas que fazem parte do livro.

Qual sua intenção quando produz um livro, poema, quadro?

Quando faço um poema, a primeira sensação é a de um intenso prazer, de completude. O importante do instante de completude é que apesar de pouca duração, ele é tomado por outro, que pode vir em seguida. Ou não. Muitas vezes demora. Mas sempre retorna, renovado, às vezes mais perfeito que o anterior. E a vida acontece nos momentos, a cada instante, não é verdade?

No blog Além do Quintal é possível ler alguns dos poemas de Marlene. 

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