Crise, crise, Crise. Crise pra dar e vender. Cortaram nossos salários, congelaram a contagem de triênio e licença-prêmio, abandonaram as promoções, não chamaram mais ninguém de concurso… E dá-lhe parecer do TCE voando por aí. Chego a escutar vozes com dedo em riste na minha cara.
— Você precisa dar a sua cota.
Tá certo, muita gente precisa dar a cota. A cidade está cheia de famélicos, em cada esquina tem alguém pedindo comida. A gente sai na rua e volta com o coração esmagado de tanto sofrimento. Mas sei lá, estou com uma pulga atrás da orelha: minha cota do sacrifício vai chegar mesmo pra essa gente que tá passando fome?
Os valores economizados serão repassados a outros serviços públicos, é isso? Serão destinados à saúde, educação? Servirão para pagar indenização aos filhos das enfermeiras que morreram enfrentando o COVID? Vão ampliar o auxílio socioassistencial, vão criar crédito para os pequenos empreendedores, pro mercadinho, pro açougue, pra padaria do meu bairro? É isso?
Nossa, que ansiedade; me respondam: para onde vai este dinheiro?
Olha, por mim tudo bem, eu não estou negando minha cota. Minha única condição é que este meu sacrifício não vá para os bolsos de quem já tem grana demais, agentes do sistema, grandes empresários, altos cargos dos poderes. Eu só não queria que o meu sacrifício servisse para especulação, virasse isenção ou retroativo de auxílio-paletó. Só isso!
Você o que acha? Será que eles teriam coragem de nos passar a perna mais uma vez?
A imprensa fala de carestia, de empobrecimento da população mas apoia uma reforma que implicará em idosos, órfãos e viúvos mais pobres, no desaparecimento das classes médias, em maior concentração de riqueza. Censura ainda seus leitores, não costuma publicar pontos de vista contra a reforma…