Congresso debate saúde no trabalho com médicos especialistas de SC e SP

A saúde do trabalhador foi tema no terceiro dia de atividades no 8º Congresso dos trabalhadores e trabalhadoras do judiciário catarinense. A abordagem do assunto foi realizada por dois especialistas em medicina do trabalho. A professora de pós-graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Dra. Margarida Barreto, e Dr. Roberto Ruiz, médico do trabalho da Universidade Federal de Santa Catarina.

Ruiz, que é mestre em saúde coletiva, enfatizou os tempos sombrios atuais e a repercussão direta na organização do trabalho. Há atualmente um aumento da exigência de produtividade,  e isso implica em riscos de acidente de trabalho. O médico destacou que também existem os riscos invisíveis, que estão relacionados ao assédio moral.

Para o Dr. Ruiz, os riscos invisíveis são evidentes no caso de trabalhadores do judiciário. Esses riscos podem ser causados pela rígida hierarquia, pelo desequilíbrio no relacionamento entre servidores e juízes, pelas coerções e pela exigência de rendimento.

Na sequência, a Dra. Margarida Barreto começou sua exposição com uma indagação: O que nos mostra o cenário do trabalho no mundo contemporâneo? Barreto, que é médica e pesquisadora na área de medicina do trabalho e uma autoridade na área de assédio moral, descreveu o cenário atual.

Segundo ela, o que se vê é aumento da desigualdade social, fechamento de postos de trabalho, precarização e intensificação do trabalho em função das exigências de produtividade causadas pela crise econômica e pelas transformações tecnológicas. Todos esses fatores levam ao aumento dos transtornos mentais.

Margarida denominou como “necropolítica” a tendência de internalizar a cultura opressora do mundo do trabalho e acreditar que há razão nos afastamentos e demissões. Ressaltou que é preciso tomar cuidado com expressões como, por exemplo, “colaborador” e “enxugar a máquina”, muitas vezes reproduzida por colegas. E também tomar cuidado com a reprodução de ideias de progresso individual. Tais práticas significam comprar um discurso que vai contra o/a trabalhador/a, estimulam o individualismo e promovem o assédio moral.

(Fotos de Osíris Duarte, jornalista SC02538JP – Texto de Vaniucha Moraes, jornalista (SC02959JP) e Doutora em Sociologia Política e Mestre em Jornalismo pela UFSC – Revisão e Edição por Rubens Lunge, Especialista em Comunicação pela Universidade Metodista de SP, jornalista MtB 5567/RS)

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