As violências do trabalho e mais uma exoneração: a dura rotina de uma oficial de justiça no Norte de SC

Depois de 4 anos, terminou nesta sexta-feira, 31/05, a carreira de uma oficial de justiça e avaliadora de uma comarca do Norte de Santa Catarina.

Não foram poucos os motivos pelos quais ela, com qualificação superior e olhar crítico, preferiu sair para enfrentar outros desafios fora do judiciário, e uma vida longe de seus sonhos de fazer a justiça chegar mais rápido e a todos.

Entre esses motivos estão as longas e penosas jornadas. O trabalho diário chegava a 10h, 12h. Não apenas dela, mas de outros colegas também.

A vida pessoal, nessas condições, só pode ser deixada de lado. Em situações semelhantes, na iniciativa privada, a justiça do trabalho tem aplicado penalidades a empresas por dano moral existencial, que é quando se exige tantas horas do trabalhador/as que sua vida pessoal passa a quase não existir.

O SINJUSC já vem há muito tempo alertando o Tribunal de Justiça sobre a necessidade de preencher as vagas com as nomeações de concursados e a abertura de novos concursos. Veja aqui. Também tem reforçado que o PCS resolveria muitas questões, e espera que o Tribunal abra uma mesa para começar a implementação com a quebra do limitador. Veja aqui.

Fossem apenas as condições acima, e já seriam demais. Porém, à lista se soma ainda a pressão para substituir colegas afastados e também para o cumprimento de um volume absurdo de mandados, e ainda o represamento de remoções.

A única saída que essa trabalhadora vislumbrou para se livrar das frustrações, e para salvar sua autoestima e garantir sua saúde, foi pedir para sair.

O Sindicato vem tratando dessas questões em palestras, rodas de conversa e debates nas comarcas, com o psicólogo Mateus Graoske. Veja mais aqui e aqui. Conforme ele, que esteve em Jaraguá do Sul em uma palestra sobre o Setembro Amarelo, a rígida estrutura do judiciário impede a participação coletiva e é terreno fértil para o adoecimento.

Ainda segundo o psicólogo, um Tribunal que coloca adiante das pessoas produção e produtividade, ou seja, números, perde a oportunidade de estabelecer um local de trabalho mais harmônico, com pessoas satisfeitas e cidadãos dispostos a contribuir mais com a sociedade.

O Sindicato lamenta a saída dessa oficial de justiça, e reforça seu compromisso de lutar na defesa dos direitos coletivos e de cada um e cada uma do judiciário catarinense, pressionando a administração quando necessário, e dialogando quando possível, e sempre compartilhando as decisões com toda a categoria.

Está na agenda do SINJUSC a realização do debate sobre violências no trabalho em Jaraguá do Sul, faltando apenas confirmação da data.

5 comentários

  1. O sinjusc também trabalha com alguma proposta para aumentar o número de Oficiais de Justiça através da criação de novos cargos para solucionar esse tipo de problema?

    • Camila, para fazer frente à demanda atual do judiciário é necessário no mínimo repor os muitos cargos vagos de Oficiais de Justiça, logo após devem ser criados novos cargos. A reposição deve iniciar a partir deste segundo semestre pelo Tribunal de Justiça, após as inúmeras intervenções do Sindicato em favor do Concurso Público e da reposição destes cargos.

  2. Eu já cogitei até em SUICÍDIO e pensei nisso por meses! Meus colegas sempre me escutaram comentar que queria me matar. Consigo entender perfeitamente o sentimento acima de DESPREZO do tribunal e dos Juízes nas comarcas.

    • Caro colega, obrigado pelo relato. Você não está sozinho, conte sempre com os colegas do SINJUSC nos momentos difíceis. Prestaremos todo o apoio necessário pra você, além de permanecer enfrentando continuamente o desprezo pelo trabalho dos servidores em favor da instituição e da sociedade.

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